sábado, 19 de maio de 2007

CULTURA POMERANA


VEJA COMO TUDO COMEÇOU
Segundo informações de antigos moradores, em 1879 vieram as primeiras famílias italianas para a região do município de Itarana. Nessa mesma época chegaram os demais imigrantes europeus: os alemães, holandeses, turcos e pomeranos. A família Schultz, segundo relatos históricos, foi a primeira a chegar, formando logo uma comunidade luterana.
A história da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Alto Limoeiro de Jatibocas teve início com sua fundação em 1893. Posteriormente com o aumento do número de famílias pomeranas as comunidades foram se expandindo.
Praticamente toda a parte alta do município de Itarana é colonizada por famílias de descendentes pomeranos. As outras descendências citadas como: holandesas, turcos e alemães hoje são confundidos entre os pomeranos. Pois por algum motivo o dialeto e costumes pomeranos se sobressaíram melhor dos demais, e assim todos passaram a falar o mesmo dialeto. São exemplos: a família Schafler (Holandesa), Schneider (alemã), Guilherme (turco).
Por outro lado, não houve nenhuma socialização entre os italianos, pois parece que havia uma certa hostilidade entre ambos, (fatos curiosos). Alguns dizem que foi por causa das Guerras Mundiais. No entanto, ninguém sabe ao certo.
Como os pomeranos não tinham uma escrita própria, utilizavam a escrita alemã com todos os seus segmentos ortográficos. Geralmente tinham-se escolinhas espalhadas nas comunidades, e as aulas eram ministradas por pessoas também ligadas a igreja como presbíteros ou mesmo pastores que tinham se formado na Alemanha. Isso durou alguns anos, mas foi frustrado pelo Governo Getúlio Vargas, época em que houve a 2ª Guerra Mundial, os pastores ou quaisquer que fossem, foram proíbidos de se comunicar em alemão. Nesse período também foram suspensas as missas celebradas em alemão, bíblias alemães foram arrancadas das mãos dos pomeranos e foram queimadas ao fogo. Com isso, também as escolinhas foram fechadas, e passou-se um grande período de vasto esquecimento e analfabetismo. Foi como uma espécie de lavagem cerebral e a vida dos pomeranos nunca seria mais a mesma com todo esse acontecido.
Outro fato triste é que durante muito tempo as famílias pomeranas vêm sofrendo tudo quanto é tipo de humilhação. Como essa descendência se isolou nas áreas rurais. Muitos não sabiam escrever e nem se quer, se expressar em português. Isso foi um problema muito sério, que traz as seqüelas até os dias atuais. Muitos possuem documentação toda errada, trazendo dificuldades na hora de requerer aposentadoria na Previdência Social, dificuldades que vêm atingindo principalmente a classe feminina. Com isso, hoje temos de dois a quatro sobrenomes diferentes em uma mesma família. Pois os cartórios não estavam nem aí, “tanto faz, tanto fez”, pois geralmente eram tratados como (alemão bobo).

Histórias

Conta-se que certa vez, uma equipe de voluntários na área de saúde foram visitar as famílias pomeranas no Alto Barra Encoberta “Mata Fria” para aplicar a vacina contra varíola. “Terrível doença virótica que dizimou muitas pessoas, e erradicada no mundo todo.” Sendo recebidos com certa desconfiança autorizaram a aplicar a vacina, porém, quando viam a seringa com aquela agulha de todo tamanho corriam rumo às bananeiras, derrubando tudo quanto era inhame pela frente, e sumiam mato a dentro esperando o pessoal desistir e ir em bora.
Também quando chegaram as primeiras escolas públicas no interior, os pomeranos tiveram problemas de comunicação.
Conta-se que certa vez uma professora do primário tentando alfabetizar um aluno a força, quase o matou com tantas varetadas com uma régua de bambu. Pois ela tentava ensinar os numerais e pediu que um aluno chamado Franz, falasse: “um”. Franz fala um! E ele sem entender nada, repetia tudo da mesma forma, bem assim: Franz fala um... E assim a professora batia nele achando que era deboche.
Porém histórias semelhantes se repetiam muitas e muitas vezes.
E isso gerava muita evasão escolar. Pois os alunos não iam às escolas e nem os pais estavam preocupados em mandar seus filhos. Essa situação só mudou depois que a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil baixou uma norma, cobrando dos membros à escolaridade até a 4ª série, caso contrário, não seriam crismados. Essa medida radical fez com que quase todos os pais mandassem seus filhos a escola e assim concluíam a 4ª série.
Segundo o relato de um pastor essa medida teve que ser adotada para o próprio bem da Igreja, pois caso cantrário, não haveria como compor um presbitério capaz de administrar as comunidades.
Esse fato está comprovado pela inexistência de atas registradas na Paróquia de Alto Jatibocas,
pois houve um período que não se tinha nenhuma pessoa capaz de fazer o registro de uma ata das reuniões do pesbritério.
Contrastes
Atualmente existe uma Escola de Ensino Médio, moderna e bem equipada em Alto Jatibocas, mas poucas famílias mandam seus filhos para estudar, pois persiste aquela concepção “meu filho tem que trabalhar na roça, se for à escola vira malandro e vagabundo”.
Por outro lado famílias arcaicas que persistem viver na ignorância, estão se contaminando e contaminando as outras pessoas por não saberem nem ao menos, interpretar um receituário agrônomo ou uma bula de agrotóxico. Desrespeitando normas de segurança, prazos de carência e uso indevido de certos produtos. Tal fato está comprovado pelo alto indice de câncer entre as fámílias pomeranas.
Outro fato negativo é o alto índice de alcoolismo entre os pomeranos do nosso município. Onde pais não dão a mínima assistência aos filhos e assim eles acabam tendo na maioria das vezes problemas psicológicos implicando na aprendizagem escolar e formação como cidadãos.
Possivelmente uns 70% da renda do município de Itarana é gerado pelo trabalho e mão de obra braçal dos pomeranos, que trabalham dia após dia sem cessar. Muitas vezes trabalham até aos dias de domingo e feriados, para colher verduras. Praticamente onde existem famílias pomeranas não existem terras ociosas. Isso é uma idêntidadade própria.
Mesmo com tanto trabalho e esforço os pomeranos de Itarana, são esquecidos, ou seja quase não são mencionados nos meios de comunicação.
Também não existe nenhum tipo de apoio perante os órgão públicos afim de divulgar e preservar a cultura pomerana do nosso município. Ao contrário que vem ocontecendo em Santa Maria de Jetibá, Pancas, Laranja da Terra e Domingos Martins.
Esses municípios citados; se empenham para divulgar a cultura, tanto é que, já se ensina a língua pomerana nas Escolas Estaduais, algo que não acontece em nossa região.

Para explicar melhor o que está sendo mencionado acima você pode conferir os seguintes sites:

Noiva de preto